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O setor de navegação de cabotagem e logística intermodal está em alerta devido aos possíveis impactos da seca dos rios no Amazonas sobre as operações no Porto de Santos. A principal preocupação está nas rotas fixas de transporte marítimo entre o complexo portuário santista e Manaus, que podem sofrer restrições durante a próxima estação de seca, prevista para ocorrer entre setembro de 2024 e o início de 2025.
Baseado em medições recentes da Agência Nacional de Águas (ANA) e análises preliminares, os indícios são de que as condições de navegabilidade serão desafiadoras, repetindo o cenário crítico observado no segundo semestre de 2023. Naquela ocasião, a estiagem severa comprometeu a logística na região de Manaus, com reflexos significativos em outros pontos do país, incluindo o Porto de Santos, que deixou de receber produtos essenciais da Zona Franca de Manaus, afetando diretamente o abastecimento do mercado varejista.
Impactos na navegação e no abastecimento
A estiagem prolongada de 2023 foi marcada pela interrupção inédita na navegação de navios de grande porte na região, forçando uma redução no volume de carga transportada para garantir a segurança das operações. Essa limitação impactou diretamente a distribuição de mercadorias na Região Sudeste e o abastecimento de produtos na Região Norte, que depende do fluxo constante de insumos oriundos de outros portos brasileiros.
Os modelos climáticos atuais indicam que secas severas, associadas ao aquecimento global, podem se tornar mais frequentes nos próximos anos, gerando atrasos e acúmulo de cargas nos principais portos do país. Em Santos, há o risco de novos congestionamentos, à medida que as rotas de navegação são redirecionadas em resposta às condições adversas no Amazonas.
Medidas de mitigação e respostas do governo
Em resposta ao desafio, o Ministério de Portos e Aeroportos (MPor) emitiu uma nota oficial assegurando que, até o momento, não são esperados impactos significativos na navegação de cabotagem entre Santos e Manaus. O governo, através do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT), já lançou licitações para serviços de dragagem nos rios Amazonas e Solimões, com o objetivo de manter a navegabilidade durante a próxima seca. Estão previstos investimentos de aproximadamente R$ 500 milhões ao longo de cinco anos, garantindo que as obras sejam executadas de maneira eficaz.
Adicionalmente, o setor privado tem explorado alternativas para mitigar os efeitos da estiagem, incluindo a instalação de cais flutuantes e o aumento da capacidade operacional em portos estratégicos. Essas medidas, embora custosas e demoradas, são vistas como essenciais para manter o fluxo de mercadorias e evitar um colapso logístico.
Cenário nacional e preocupações futuras
Os impactos dessa estiagem podem se espalhar por outras regiões do Brasil, com particular atenção para a Zona Franca de Manaus, que é um dos principais polos industriais do país. Com uma eventual redução na capacidade operacional ou dificuldades no acesso ao porto, o escoamento da produção e o abastecimento da Região Norte podem ser gravemente afetados.
A Zona Franca é responsável pela fabricação de uma vasta gama de produtos que abastecem o mercado nacional, incluindo eletrodomésticos, veículos e eletrônicos. A interrupção ou redução das operações de cabotagem pode resultar em desabastecimento no Sudeste e no restante do Brasil, exigindo que todos os agentes da cadeia logística estejam preparados para enfrentar mais uma temporada de desafios significativos.