O transporte multimodal é aquele no qual o escoamento de cargas ocorre por meio de mais de um modal. Ou seja, no fluxo de trânsito da mercadoria, ela passa por múltiplos tipos de transporte entre os 5 que fazem parte da matriz brasileira: aeroviário, dutoviário, aquaviário, ferroviário e rodoviário.
Tipos de modais
O Brasil possui a quarta maior malha rodoviária do mundo. Estima-se que cerca de 75% do escoamento de cargas no Brasil utilizam esse meio. Enquanto os demais 25% estão divididos entre marítimo, aéreo, ferroviário, cabotagem/navegação costeira, hidroviário.
O uso amplo das vias rodoviárias, no entanto, vai além de suas extensões, afinal este meio é conhecido por ser menos burocrático, impor menos custos com frete e embalagens e possuir integrações acessíveis entre diversas regiões.
Ferroviário
Como o nome sugere, este é o modelo em que as mercadorias são transportadas por meio das linhas férreas. A estimativa é que o escoamento de cargas pelas ferrovias represente 5,4% entre todos os modais. Ainda assim, o Ministério da Infraestrutura estima que o modal seja responsável por 25% da matriz de transportes nacional. O auge do crescimento e uso das ferrovias ocorreu no século 20, quando elas eram inclusive essenciais para o transporte de passageiros entre as principais cidades do país.
Hoje, o foco do uso da malha ferroviária está no transporte de grandes cargas e commodities, que não poderiam ser transportadas de forma econômica pelas ferrovias, como grãos, minerais e demais matérias-primas. Entretanto, nos últimos anos, a ferrovia vem observando boas oportunidades de atendimento de cargas containerizadas, de exportadores com volumes superiores a 10 feus, por embarque.
Aéreo
Neste modal, utiliza-se aeronaves para fazer transporte das mercadorias, o que pode ocorrer por diversos modelos como o full cargo (quando ocorre o transporte apenas de cargas) e o combi (quando há o transporte de passageiros e cargas ao mesmo tempo).
O modal aéreo é composto, ainda, por outros tipos de veículos — além dos tradicionais aviões — como os helicópteros e os drones. Atualmente, o transporte aéreo corresponde a apenas 4% da matriz de transportes brasileira e 5,8% do escoamento de cargas. O uso limitado deste meio se dá principalmente pelos altos custos de frete e manutenção dos veículos aéreos. Além disso, há a falta de flexibilidade, visto que é preciso que a região de destino tenha um ponto de pouso para o tipo de aeronave utilizada.
O principal uso do modal aéreo atualmente é para o transporte de cargas limitadas, mas de alto valor — já que ele é visto como um tipo de transporte extremamente seguro. A agilidade deste modal também o faz ser ideal para itens perecíveis, como medicamentos, vacinas e alimentos.
Aquaviário
O modal aquaviário é aquele onde as cargas são transportadas por veículos que se movimentam sobre a água. A malha aquaviária brasileira ainda se divide em três tipos diferentes: o marítimo (nos mares e oceanos), o fluvial (nos rios) e o lacustre (em lagos e lagoas). Além de ter o rio mais extenso do mundo, o Rio Amazonas, o Brasil é rico em água doce em geral, liderando o ranking mundial com 8.233 km³ de água própria.
O Ministério da Infraestrutura estima que o transporte aquaviário representa 14% da matriz nacional, o terceiro maior. Porém, utilizamos apenas cerca de 30% do potencial de sua malha aquaviária.
Hoje, cerca de 99% do peso de todas as cargas transportadas pela logística internacional é feito pelos mares. Isso ocorre, pois nenhum outro meio é capaz de combinar — para trânsito internacional — o baixo custo agregado, a capacidade de carga e a segurança oferecida pelas grandes embarcações.
No transporte interno, o principal perfil das cargas é o escoamento de commodities, como grão, minérios, petróleo e insumos agrícolas, entre outros.
Dutoviário
O dutoviário é menos conhecido entre todos os modais de transportes. Nele, ocorre o transporte de cargas por meio de dutos, que podem ser aparentes, subterrâneos ou submarinos. Os tipos de dutos mais conhecidos e utilizados estão ligados ao tipo de carga que transportam, como os oleodutos, gasodutos e minerodutos.
Por conta das limitações de flexibilidade e alto custo de instalação, eles são mais utilizados para agilizar o transporte de commodities entre os ambientes de extrações, refinarias e terminais.
Tantas são as limitações de uso específico do modal dutoviário, que o Ministério da Infraestrutura estima que o modal representa somente 4% da matriz nacional. Apesar de ser muito ágil, impor baixo custo operacional e ser seguro quanto a roubos e acidentes, as desvantagens acabam pesando contra o investimento nele. Afinal envolve altos gastos de implantação, muita burocracia para obtenção de licenças e oferece graves riscos ao meio ambiente caso algum dia sofra um acidente.
Quais são os principais benefícios do Transporte Multimodal?
Cada modal tem suas limitações e vantagens entre custo, capacidade, flexibilidade e segurança. Dependendo do ponto de partida ou destino da carga, ainda existem obstáculos geográficos para algumas delas. Por exemplo, apesar de mais barato e mais flexível, o rodoviário é considerado pouco seguro contra roubos de carga.
Dependendo da região, ainda, a condição das estradas podem aumentar a probabilidade de acidentes. O modelo multimodal permite que os profissionais de comércio exterior e logística atuem de forma mais estratégica, combinando os melhores elementos de cada meio. Dessa forma, eles podem evitar riscos de determinados trajetos, priorizar a eficiência energética (de combustíveis) e descobrir meios mais ágeis para operações complexas.
Objetivamente, os benefícios que o transporte multimodal oferece são:
- Obter mais eficiência nos processos logísticos
- Redução de custos na transferência de cargas
- Mais praticidade e menos burocracia na transferência de carga entre veículos
- Otimização de tempo para trajetos complexos
- Auditabilidade — já que o transporte fica sob responsabilidade de um único operador. Existem muitas empresas devidamente capacitadas e informatizadas no meio logístico.